
Olá Pessoal,
Abaixo vocês poderão conferir o relato detalhado da nossa entrevista para a obtenção do CSQ. Esperamos que seja útil para aqueles que ainda não enfrentaram essa etapa do processo.
A chegada ao Hotel:
A nossa entrevista aconteceu em Salvador, no dia 07 de abril, conforme previsto. O horário marcado era às 11 horas, mas como não queríamos arriscar, por causa do trânsito pesado, chegamos ao hotel às 07:45. Isso mesmo! 3 horas e 15 minutos antes da tão temida e esperada entrevista.
Apesar de termos chegado tão cedo, fomos direto para a recepção nos informar sobre o local exato da entrevista. A moça nos mandou subir até o 12º andar e lá fomos nós. Entramos no elevador com as nossas pastas abarrotadas de documentos, afinal, se de um casal sem filhos já é uma boa quantidade de documentos, imaginem a quantidade de papéis que levamos, sendo nós pais de 5 filhos. Chega a ser cômico!
Bom, lá chegando, não vimos nenhuma placa indicando o local, então meu esposo, Rodrigo, foi até o restaurante, onde tinha apenas duas mesas ocupadas e uma baiana tipicamente vestida organizando as outras mesas. Aproximando-se dela perguntou onde seriam realizadas as entrevistas para o processo de imigração para o Canadá. Ela, com sua simplicidade peculiar, apontou o senhor que tomava café ao lado de onde estava o meu esposo e disse: “É com ele aí.” Nossa, que gelo na barriga!! Eu fiquei a alguns metros de distância, observando tudo.
O primeiro contato com o entrevistador:
Meu esposo estava tão perto que não teve outra saída a não ser se apresentar e cumprimentar aquele que seria o nosso entrevistador. Para a nossa surpresa ele aceitou o cumprimento com bastante alegria e sorriu de uma forma que nos acalmou se apresentando com Daniel, detalhe: em espanhol. Disse que estava quase terminando o café e que logo nos atenderia. Meu esposo disse para não se preocupar, pois estávamos 3 horas adiantadas. Quando Rodrigo voltava para perto de mim, com um sorriso largo e me dizendo “Ele é gente boa!”, a baiana o seguiu e perguntou do que se tratava. Quando falamos sobre a entrevista e o objetivo da mesma, ela nos sugeriu ficar ali mesmo, naquele bendito banquinho, esperando, pois ainda não tinha chegado ninguém e provavelmente ele nos atenderia antes do horário previsto.
Está chegando a hora:
Dito isto, nós sentamos e 5 minutos depois, ele entrou no quarto dele, bem ao lado do banco. Mais 5 minutos e ele sai e vai até nós dizendo que apesar da entrevista estar marcada para as 11 horas, ele estava disponível se nós quiséssemos começar. CLARO!!!!!! Queríamos que a tortura acabasse o quanto antes. Então fomos conduzidos a uma sala de reunião, com um monte de coisas sobre a mesa: notebook, vários dossiês, uma impressora, canetas, balas e vários panfletos, cartilhas sobre o Québec.
A entrevista (A primeira parte):
Primeiro ele nos pede os passaportes e prestou bastante atenção quando eu comecei a abrir as abas das pastas com rapidez, entregando a ele uma pilha com 5 passaportes dos filhos na ordem do mais velho ao mais novo e, separadamente o meu e o de Rodrigo. Daí ele já começou a elogiar a nossa organização. Conferiu os nomes e as datas de nascimento de cada um, se enrolou a tentar pronunciar Albuquerque e começamos a rir. Nos disse que nós seríamos conhecidos como a família Lima no Québec. O tempo inteiro ele nos deixou bem à vontade.
Depois pediu certidão de casamento, de nascimento, declarações de trabalho, contracheques 2009, diplomas, ofertas de emprego – plano A.
Depois ele perguntou se tínhamos o plano B, então entreguei a ele 5 pilhas assim distribuídas e com plaquinha e tudo:
Empregos Setor Administrativo – Ilsa;
Empregos Setor Administrativo – Rodrigo;
Mercado de Trabalho no Québec, Empregos Secundários – Ilsa;
Mercado de Trabalho no Québec, Empregos Secundários – Rodrigo.
Mais um elogio sobre a organização!
Entre um documento e outro ele perguntava de forma suave, olhando para o computador mesmo, se já tínhamos escolhido uma cidade. Respondemos que sim, Gatineau. Ele pareceu bastante satisfeito com a nossa escolha, mas perguntou o porquê. Então Rodrigo começou a dar a explicação de que era uma cidade pequena, do tamanho da que moramos hoje, que é melhor para criar nossos filhos, que as pessoas de lá são altamente escolarizadas, que a segurança é conhecida por suas estatísticas, enfim, um monte de razões.
Ele sempre olhando para o computador e balançando afirmativamente com a cabeça parecendo bastante satisfeito. Nessa hora ele olhou para mim e me perguntou por que eu não tinha colocado nenhuma oferta de emprego como professora de inglês, já que essa era a minha formação. Fui bastante sincera em dizer que várias pessoas me desestimularam a tentar a carreira de professora, mas que eu amava ensinar. Pronto! Parece que eu incendiei a conversa com essa frase. Ele se levantou e começou a me dizer que eu deveria SIM validar o meu diploma, inclusive a partir de agora, ainda no Brasil, pois é uma profissão em alta demanda e se é o que eu gosto de fazer, então melhor ainda. (passou na nossa cabeça: oxente, já fomos aprovados?).
Ele disse que eu poderia pegar aulas em escolas privadas, em cursos de inglês para imigrantes, até que eu termine a validação e possa me candidatar ao cargo de professora em escolas públicas. Reforçou várias vezes que eu ia me dar muito bem. Fiquei muito feliz e disse isso a ele do fundo do meu coração. Sugeriu a Rodrigo que procurasse ofertas de adjoint administratif, que seria muito fácil para ele também. Ele nos disse que éramos muito bons com línguas, pois já falávamos inglês e francês. Aí foi exatamente nessa hora que ele nos pediu a comprovação dos conhecimentos linguísticos.
A entrevista (Momento de mostrar os certificados de estudo):
Primeiro, demos a declação de 144 horas de francês com um professor particular, mas quando ele viu o certificado da École de Français Québécois, ele disparou um monte de elogios. Disse que essa escola parecia ser muito boa, pois nós estávamos muito bem preparados, que já éramos o segundo casal de alunos dessa escola e que estávamos muito bem preparados em tudo, organização, conhecimento sobre o Québec, e ficou só repetindo MUITO MUITO MUITO BOA ESCOLA, segurando o nosso belo certificado que fizemos questão de imprimir em papel couchê e colorido.
A entrevista (Conselhos do entrevistador):
Bom, depois ele voltou a nos dar outros conselhos sobre o mercado de trabalho no Québec, para sermos pacientes na procura de emprego, para que possamos devagar e com bastante perseverança nos moldar aos padrões do mercado de lá.
A entrevista (Momento de mostrar nosso projeto de imigração):
Aí ele nos pediu o que estávamos doidinhos para mostrar: o nosso projeto de imigração. Foi com muito prazer que entreguei 10 folhas de papel couchê impressas coloridas com o seguinte conteúdo:
1) Capa com as bandeiras de Brasil, Canadá e Québec, e os nossos nomes;
2) Porquoi le Canada? Várias razões, além do histórico e bandeira do país;
3) Pourquoi le Québec? Histórico, bandeira e razões;
4) Pourquoi l'Outaouais – Ville de Gatineau – logomarca do município, histórico, razões;
5) O que fazer nas 3 primeiras semanas, isso incluindo desde a chegada no aeroporto, tradução de documentos na embaixada, aluguel de carro, de apartamento, visita à APO para nos apoiar na abertura da conta no banco, conseguir linha telefônica, internet, TV a cabo, preencher os formulários do seguro de saúde, da ajuda de custo para as crianças, etc;
6) Fotos das famílias brasileiras que já moram em Gatineau e que conhecemos por telefone e email, com endereço do blog e tudo. Isso realmente o impressionou e ele perguntou umas 3 vezes “eles já moram em Gatineau?” Respondemos que sim, e que moravam lá desde a data que colocamos embaixo de cada foto;
7) Despesas na chegada ao Québec (carro, alimentação, mobília, telefone, aluguel, seguro de saúde por 3 meses, tradução de documentos, roupas de inverno, etc);
8) Despesas fixas mensais (aluguel, energia, alimentação, gasolina, lanche das crianças na escola, lazer, etc. );
9) Fotos de Gatineau, Museu da Civilização, de uma das pontes, de árvores cobertas de neves e a foto da nossa família bem no meio, sob o título UNE NOUVELLE VIE À GATINEAU;
Imprimimos 1 slide por folha, ficou muito massa. Bom, quando ele nos devolveu, imaginem o que disse?! “Vcs realmente são muito organizados. Até o papel é bom!”. Eu sorri e disse que precisávamos ser organizados e quando eu ia terminar a frase ele a completou “com cinco filhos... Il faut!”
A entrevista (Recebendo o CSQ):
Bem, um bom tempo de silêncio se passou até que ouvimos um barulho na impressora. Vendo nossa cara de interrogação ele se levantou e disse: “Ah, ça marche! Accepté!! Félicitations!
E nos apertou a mão, dizendo que estava imprimindo o CSQ de todos nós. Eu e meu esposo nos abraçamos e ele sorriu pelo gesto. Enquanto imprimia as 21 cópias (3 para cada membro da família) eu lhe mostrei uma foto nossa com os 5 filhos. Ele ficou olhando impressionado, contando um por um, dizendo que era uma bela família e uma bela foto. De repente ele parou, olhou para nós com uma emoção nos olhos e nos disse: “Eles vão AMAR O QUÉBEC. Não existe um lugar melhor para se criar filhos! Vocês verão!”. Imaginem a nossa felicidade. Ainda nos deu uma caneta para cada e engraçado foi na hora de dar as balas Ice Kiss, ele colocou uma a uma, bem exageradamente, para enfatizar a quantidade: 7 pessoas. Eu sorri e perguntei a ele se a nossa seria a maior família do dia, ele me disse que nós batemos todo e qualquer recorde dele. Em todos esses anos, essa foi a maior família.
Então é isso pessoal, muita organização e o CERTIFICADO DA ÉCOLE DE FRANÇAIS QUÉBÉCOIS e vocês não terão com o que se preocupar, principalmente se o entrevistador for o Monsieur Daniel C. Leblanc.
Agora nós vamos continuar na EFQ e aprimorar não só o francês quebequense, com seus regionalismos e sotaque, mas também aprender ao máximo a cultura que, em breve, será a nossa também.
Bom, é isso aí!
Um grande abraço,